A gente fica pensando que não há mais nada de ruim pra acontecer, pelo menos nada que nos assusute tanto.
Pois é, e não é que acontece?
Fiquei pasma, no sábado de manhã as revistas Isto É, e Veja já traziam edições inteiras dedicadas ao "Monstro" ou ao "Massacre"... Agora Wellington era amante de atentados terroristas, perturbado, esquisito, psicopata...
Sim, é bem possível, mas nascem e se criam Wellingtons todos os dias, nossas escolas são os maiores celeiros, nosssas babás eletrônicas asseguram com seus desenhos estressantes (no meu tempo os personagens não berravam como os de agora) que a mensagem seja bem apreendida, nossa sociedade finge preocupação e delega aos professores a responsabilidade de pais... Nossos pais acusam a escola de não ensinarem os seus filhos... E assim valores vão se invertendo.
Faltam o mínimo de gentileza e delicadeza.
Os assassinatos em Realengo foram mesmo muito chocantes, e nos assusta, pois por mais que prevejamos coisas tão ruins - porque não há mais abismos na sociedade (logo também não na educação), já estamos neles há muito - no fundo (sem trocadihos), desejamos que não ocorram jamais, que nunca sequer se avultem.
Mas, não é assim, estamos dizendo, falando, protestanto, gritanto que algo de muito podre está acontecendo, que não somos assim tão privilegiados, que não vivemos numa sociedade pacífica.
Chocados, mas não surpresos, tristes mas não ao ponto de acharmos que não seremos mais capazes de passar por isso, porque infelizmente já passamos por tudo isso todos os dias, em doses diabolicamente homeopáticas. Todos os dias um professor apanha, todos os dias um aluno morre fora dos portões da escola e às vezes até mesmo dentro. Não me lembro dos jornais invadirem meu café da manhã, minha noite de descanso na sexta ou meu almoço de domingo porque um aluno foi agredido moralmente, não nessa intensidade.
De fato, é uma tragédia, mas se torna mais trágico não pelo fato em si, um ser humano aniquilar tantas vidas de uma só vez em uma escola - suposto lugar seguro (venhamos e convenhamos, qual foi a última vez que você foi à escola? Por um acaso ela parecia mesmo ser segura? E segura de quem; dos alunos, dos porfessores, dos poais, dos traficantes, da polícia? ), mas porque somos agredidos pelo fato, feridos em nossa cidadania, e ainda bombardeados por tanta espetacularização da violência.
E ficamos assim, depois de manhã será a missa de sétimo dia, depois mais alguns dias de mídia e enfim ficaremos mai um avez esquecidos, até que...
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