Oi amigos, hoje de manhã recebi um e-mail, encaminhado. Não conheço a autora, na verdade não conheço nem o meu colega que enviou a mensagem. Você pode estranhar isso, mas taí uma das muitas coisas boas criadas a partir da greve dos profs da rede estadual daqui de Minas em 2010: uma rede de contatos enoooorrrme!
Bom, sobre a mensagem, o texto é um depoimento de uma professora, compartilho com ela  muitos dos seus sentimentos, tenho certeza de que muitos outros também. Em alguns pontos eu alteraria, seria mais rude, diria até que o "otimismo" citado pela colega  já acabou, pelo menos para mim...
segue o texto.  (sem alterações, ao menos de minha parte)
"Eu  estava ciente da chacina no Rio, mas até então não tinha parado para  ler, nem assistir, a nenhuma reportagem. Porém, teve um dia, enquanto  meu avô assistia, nas alturas, a uma reportagem, que me aproximei,  atraída pelos gritos de pavor dos alunos, e parei um instante para ver.  Cheguei mesmo na hora em que o repórter chamava a atenção dos  telespectadores para uma cena, onde um professor,  mesmo diante do perigo de perder a própria vida, esvazia a classe,  retirando todos os alunos, para somente depois correr e deixar o local  da chacina.
 Diante  da situação em que vivemos nas escolas, este ato em nada me  surpreendeu, pois quem trabalha nas escolas públicas de Natal, sabe da  falta de segurança,  e conhece a clientela que temos. Sabemos que temos  alunos potencialmente capazes, revoltados, e às margens da sociedade,  quesitos suficientes para fazê-lo entrar atirando em uma sala de aula,  ao menor sentimento de insatisfação. Isso não é novidade pra ninguém que  está inserido no contexto escolar. 
Mas  não estou aqui para falar da falta de segurança nas escolas, nem  tampouco para lamentar o triste ocorrido, porque isso já é pauta de  todos os assuntos na internet, jornais, revistas e rodas de amigos no  Brasil. Estou aqui para falar sobre aquele professor, que eu vi, que se arriscou para salvar a vida de seus alunos. 
Fiquei  emocionada com a cena, pois conheço váááários professores que teriam  feito a mesma coisa. Está no nosso consciente, quando estamos em sala de  aula, somos responsáveis por cada uma daquelas crianças sob nossa  tutoria. Ele poderia ter saído correndo para  salvar a própria vida, mas não, ao invés de gritar "salve-se quem puder"  ele decidiu ficar, tirar os alunos do local, e depois correr. Ele fez certo? Sinceramente não sei responder! A única coisa que sei é que exemplares  como este estão todos os dias em nossas escolas públicas, quentes,  superlotadas, e inseguras, se arriscando, e sendo desrespeitados por  esses mesmos alunos que, em uma situação como esta, ele seria capaz de  salvar. São verdadeiros heróis!
Me  indigno ao ver o desrespeito (falta de valorização por parte dos  governantes, a falta de autonomia, a falta de reconhecimento dos alunos e  de suas famílias)  com os professores. 
E tenho certeza que o  desmantelo social ainda não está pior graças a eles, que, mesmo diante  de tanta ingratidão, não desistiram, ainda, do seu papel de educador e  transformador.
Eles AINDA acreditam na mudança.  Porém, não podemos abusar do otimismo desses profissionais, porque se  atos como estes se tornarem frequentes, duvido muito que alguém queira  ser "suicida"."
Romeica Cristina (professora)
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