quarta-feira, 10 de agosto de 2011

As soluções de um governador "tampão"

Hoje os profissionais da educação de Minas Gerais aprovaram a continuidade da greve que se estende desde o dia 08 de junho. São mais de 60 dias de greve que nos levam a algumas reflexões. A primeira observação a ser feita é quanto a disposição de luta desses profissionais que resistem numa luta árdua. Afinal, mesmo com o governo do estado colocando toda a máquina da administração pública contra a categoria, os educadores dão uma notável prova de resistência, e encurralam o governo do estado que não sabe o que fazer para por fim a greve. É notável também a postura instransigente de um governador que se coloca em uma posição de indiferença em relação ao empobrecimento da categoria, e pior, indiferente também em relação aos milhares de alunos prejudicados pela paralisação das escolas. Isso sem falar na indiferença em relação ao clamor de pais que preocupados com o futuro dos seus filhos, exigem soluções do governo. Pais não só de alunos do terceiro, mas de todos as demais séries que são atingidas pela greve. Porque resolver apenas o problema  do terceiro ano? O compromisso do estado não deveria ser com todo o sistema de ensino?
É inadimissível uma greve tão longa! Alguém disse. Inadimissível é um governo permitir que uma greve se estenda por tanto tempo causando danos  aos alunos e também aos profissionais da sala de aula. 
Que o governo não se preocupa com o futuro das nossas crianças todos sabíamos, haja vista a situação precária das escolas públicas: a contratação de tantos profissionais sem formação, a merenda escolar de qualidade comprometida, os projetos pedagógicos falidos impostos às escolas pela secretaria de educação, isso sem falar, é claro, nos índices burlados da educação mineira. 
Agora, ao anunciar a contratação de "professores tampões", para substituir temporariamente nas turmas de 3º ano os profissionais que estão em greve, o governo atestou seu descaso com a educação, seu descompromisso com a juventude e com o ensino público. 
Basta um mínimo de senso crítico para saber que se o governo quisesse resolver o problema da greve era tão somente cumprir uma lei federal, e implantar no estado o Piso Salarial Nacional. Essa medida acabaria com a greve em todos os níveis de ensino e traria a normalidade a todas as escolas do estado, nãosomente no terceiro ano do EM.  Porém,  o governo prefere travar uma queda de braço com os professores, colocando em risco o ano letivo dos alunos do primeiro ao nono ano do ensino fundamental e do primeiro ao terceiro ano do ensino médio. Sim, o terceiro ano do ensino médio também está comprometido. Alguém acha que o governo irá encontrar 3 mil professores de uma hora para outra? Além disso, todos sabemos que a maioria das contratações serão de pessoas sem formação específica para lecionar as disciplinas que serão cobradas nos vestibulares e no ENEM. 
Não se iludam! O governo mais uma vez passa um verniz na situação. Passa a imagem de normalidade, mas na verdade faz apenas uma maquiagem. O triste é que podem haver pais e alunos aplaudindo isso. Coitados! Mais uma vez vítimas de um governo sorrateiro e enganador.
E os alunos do Primeiro ao nono ano do ensino fundamental? E os alunos do primeiro e segundo ano do ensino médio? Continuarão sem aulas apenas por um capricho do governador? Onde estão os pais que não vão cobrar isso do estado? Onde está a Federação de Pais que cobra o fim da greve, mas não se posicionou quando o estado retirou disciplinas fundamentais da grade curricular do Ensino Médio? Será que a Federação de pais representa apenas o terceiro ano do ensino médio? Porque ninguém ainda falou que o presidente da tal federação de pais sequer tem filhos em escola pública?
Hoje na Assembleia Estadual dos Trabalhadores em Educação, vimos muitos alunos e também pais de alunos pegando o microfone para expressarem seu apoio aos professores em greve. São pessoas conscientes que não deixaram de falar do prejuízo que a greve traz aos alunos, mas que entenderam que o grande algoz da escola pública que compromete o futuro da juventude mineira é o governo de Minas. Isso porque é um governo que desrespeita a educação e aos educadores, trata com descaso o ensino e não resolve um problema fundamental do ensino público, a remuneração do professor. As soluções apresentadas pelo governador, podem no máximo atentar contra essa greve, mas, se não houver solução definitiva os próximos anos serão de greves e mais greves. E aí? Contrataremos tampões todos os anos? Os alunos perderão dois meses de aula todos os anos? 
É preciso que a sociedade avalie o que de fato quer para os seus filhos e  para a juventude. Se um futuro certo com bases sólidas, ou apenas tampões, castelos de areia. 

Por: Adriano de Paula

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